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Baby Siqueira Abrão/Portal da Granja.
A nova lei de zoneamento de Cotia apresenta excelentes propostas. Uma delas diz respeito aos corpos d'água da cidade. Para protegê-los, foi elaborado o Projeto Parque Linear, que, segundo Benedito Simões, coordenador do grupo que elaborou o projeto de lei, é "estratégico para a cidade". Segundo o projeto, os 50 metros que ladeiam cada uma das margens de todos os rios do município serão reflorestados e transformados em parques para uso da população, com equipamentos públicos de baixo impacto (playgrounds, ciclovias, quadras esportivas, pequenas construções para cursos e apresentações artísticas).
Outra excelente proposta da lei diz respeito à obrigatoriedade de os empreendimentos privados oferecerem áreas ou equipamentos de uso público (contrapartida socioambiental). Cada construtora ou incorporadora terá de separar 30% da área total da gleba para uso institucional. Essa área ficará voltada para a rua e nela deve ser construído o que for mais útil para a região, como praça, área verde, parque, escola. Caso seja necessário, o empreendedor pode negociar com a prefeitura a execução e a manutenção da obra, em espaço equivalente e com o valor de referência da gleba, em outro ponto da cidade.
Além disso, mantém-se a proibição da construção, em todo o município, de edifícios com mais de 12 metros de altura, o que corresponde a 4 andares. Também haverá proibição de instalação de indústrias poluidoras. O executivo só permitirá a vinda de indústrias limpas.
Veja outras novidades:
- A classificação da mata da Granja Carolina e entorno como ZCEU (Zona de Contenção à Expansão Urbana) 1, com parcelamento de glebas em lotes com no mínimo 3 mil metros quadrados. Essa decisão inviabiliza o projeto da Alphaville Urbanismo, que pretendia fazer ali um loteamento de alto e médio padrão para 9 mil famílias. Com o novo zoneamento, a área somente poderá abrigar chácaras residenciais. "A idéia é transformar a mata em parque público, não em área ambiental privada", afirma Simões.
- Também será ZCEU 1, com lotes de no mínimo 3 mil metros quadrados, a área em torno do Parque das Nascentes, no Gramado. Outra ótima notícia para a região é que cai por terra a construção de torres, projeto de uma construtora de São Paulo, em função da proibição de prédios com mais de 4 andares. O bairro continuará sendo horizontal, com natureza protegida.
- Na Granja Vianna, classificada como ZER (Zona Exclusivamente Residencial), os lotes não poderão ter menos de 500 m2.
- No Parque Rincão haverá três classificações de ZCEUS. A região de mata preservada, onde se localizam sítios e chácaras, será ZCEU 1 (lotes com no mínimo 3 mil m2). As áreas já desmatadas serão ZCEU 2 ou 3 (1,5 mil m2 e 500 m2, respectivamente), dependendo do grau de desmatamento.
- Na região da Fernando Nobre, a única grande área remanescente, na divisa com Itapevi, também será ZCEU 1.
- A área ao norte da Reserva Florestal do Morro Grande será protegida por uma faixa de 600 metros lineares, eqüidistantes à divisa com a reserva. O objetivo é impedir o adensamento populacional da vizinhança, colocando em risco a fauna, a flora, o solo e as águas.
- Em Caucaia do Alto, fora da área de APP, está previsto um pólo de desenvolvimento sustentável. Isso significa que os nichos urbanos não serão expandidos e que, nas áreas rurais, será estimulada a agricultura orgânica (sem o uso de agrotóxicos). Só serão permitidos condomínios como o Los Alamos, com grandes áreas preservadas. "O objetivo é fazer de Caucaia uma região semelhante à Campos do Jordão de 30 anos atrás", explica Simões, sem esconder o desejo de realizar ali festivais de inverno nos moldes dos de Campos do Jordão, com música, cinema, teatro e exposições da melhor qualidade.
- A estrada do Morro Grande será transformada em estrada-parque a partir do Jardim Sandra. Isso significa que ali só serão permitidas construções de baixíssimo impacto ambiental.
- O Jardim Cláudio passará por um processo de descontaminação do solo e de recuperação ambiental. Galpões de indústrias desativadas serão demolidos para dar lugar a residências para pessoas de média e baixa renda.
- As áreas populares da cidade, transformadas em ZIS (Zonas de Interesse Social), poderão abrigar lotes de 125 m2. Em loteamentos, 25% do total da gleba serão reservados para áreas verdes, com solo permeável. Não será mais permitido cimentar toda a área, procedimento prejudicial ao ambiente e ao ser humano que o habita.
- A cidade só crescerá nas regiões onde houver espaços vazios e infra-estrutura capaz de absorver esse crescimento. A ocupação terá de ser ambientalmente correta e sustentável.
2 comentários:
Tudo isso é lindo no papel, mas nada funciona sem a ajuda dos moradores.
Exatamente! Por isso mesmo precisamos fazer marcação cerrada. É um trabalho de Sísifo, o nosso.
Um abraço!
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