quinta-feira, 8 de maio de 2008

O que é desenvolvimento sustentável

Desenvolvimento sustentável é um conceito relativamente novo. Apareceu pela primeira vez em 1987, no documento Nosso Futuro Comum (Relatório Brundtland), para indicar, basicamente, duas coisas: a necessidade de utilizar os recursos do planeta sem esgotá-los e a urgência de mudanças num sistema econômico voltado exclusivamente para o lucro, sem levar em conta fatores ambientais, sociais e culturais.


A necessidade da existência do conceito de desenvolvimento sustentável mostrou, no fundo, a falência do modelo econômico fundado no lucro-a-qualquer-preço. O custo da manutenção desse modelo, já muito alto – miséria, fome e desemprego, para ficar nas conseqüências mais gritantes – será cada vez maior, com a extinção de riquezas naturais e o aumento, em número e intensidade, de calamidades como secas, furacões, inundações, terremotos.


Previsões funestas como essas deram fôlego novo a programas que há anos vinham alertando para esses riscos e sugerindo mudanças globais, como Nosso Futuro Comum, Agenda 21, Objetivos do Milênio e Protocolo de Quioto (veja box “Programas da ONU”). Mas o alerta vermelho soou em fevereiro de 2007, quando da divulgação do relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). Soube-se então que a situação é mais grave do que se pensa. E que foi gerada por nós, seres humanos.


O relatório do IPCC é prova do colapso da nossa civilização. Não se trata, porém, de um colapso circunstancial. Ele tem uma história, que se inicia no surgimento da espécie humana e se desenrola no percurso que essa espécie fez ao longo de milhares de anos.


A predominância do tipo de cultura que caracteriza o mundo ocidental – em detrimento, por exemplo, de práticas orientais milenares – não aconteceu à toa. Nossas raízes, fincadas na Grécia e na Roma antigas, no mundo judaico-cristão, deram origem a um tronco torto. Do Gênesis bíblico ao aquecimento global, passando pela filosofia natural e sua transformação em ciência, o ser humano sempre se colocou acima da natureza, como se não fizesse parte dela. Pior: como se ela existisse para servi-lo. Não admira, portanto, que séculos de pretenso domínio sobre o mundo natural tenham nos levado a quase destruí-lo.


Sem ter clareza de que somos parte do mundo que habitamos, e que nossas ações o constroem (e destroem) a cada segundo, daremos ao desenvolvimento sustentável somente o status de moda passageira. E tornaremos a Terra quase inabitável. Somente a consciência de que também somos natureza nos levará a atitudes práticas que evitarão tragédias maiores. Da reciclagem do lixo caseiro à cessação do desmatamento e da poluição, todos podemos colaborar. Apenas a sincera união de esforços entre população, empresariado, associações civis e poder público pode reverter as conseqüências do aquecimento global.


Desenvolvimento sustentável é...

... a ação de suprir nossas necessidades, no presente, com o uso racional (sem desperdício) dos recursos naturais, para que eles não se esgotem. Os projetos que visam à sustentabilidade precisam ter ao menos quatro requisitos básicos: ser ecologicamente corretos, economicamente viáveis, socialmente justos e culturalmente aceitos.

Programas da ONU

Nosso Futuro Comum: também conhecido como Relatório Brundtland, foi elaborado em 1987 pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Destacou a pobreza nos países do hemisfério sul e o consumismo abusivo das nações do hemisfério norte como causas das crises sociais e ambientais.

Agenda 21: documento ratificado por 179 países durante a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Eco-92), no Rio de Janeiro, em 1992. Propôs a reinterpretação da noção de “progresso” e a colaboração entre governos, empresas, associações civis e populações na busca por soluções para os problemas socioambientais.

Objetivos do Milênio: programa da ONU elaborado em 2000. Propõe oito objetivos: fim da fome e da miséria; educação de qualidade para todos; redução da mortalidade infantil; igualdade entre sexos e valorização da mulher; melhoria da saúde das gestantes; combate a aids, malária e outras doenças; qualidade de vida e respeito ao meio ambiente; trabalho de todos pelo desenvolvimento do planeta.

Protocolo de Quioto: resultado da Terceira Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (Japão, 1997). Estabelece a redução, entre 2008 e 2012, das emissões de dióxido de carbono (CO2) e outros gases por parte dos países industrializados. Os Estados Unidos, maior emissor de CO2, não assinou o tratado por considerá-lo “caro demais”.

Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas: órgão da ONU que reúne 2.500 cientistas de todo o mundo. Criado em 1988, elabora relatórios com informações científicas sobre o clima no planeta.

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